A influenciadora digital Virgínia Fonseca foi ouvida, nesta terça-feira (13), pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado. Ela foi convocada como testemunha e teve sua participação vinculada à promoção de apostas online por meio de suas redes sociais, que somam mais de 50 milhões de seguidores.
Durante o depoimento, que durou mais de três horas, foram abordados contratos publicitários, condutas nas redes sociais e possíveis impactos do conteúdo divulgado.
Veja os principais pontos:
1. Por que Virgínia foi chamada à CPI?
A presença da influenciadora foi requisitada pela relatoria da comissão, que apura o envolvimento de celebridades digitais na divulgação de sites de apostas. A preocupação central recai sobre a influência que esses conteúdos podem exercer em públicos vulneráveis, incluindo menores de idade.
De acordo com a relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), o objetivo é compreender os efeitos sociais e psicológicos das campanhas publicitárias promovidas por influenciadores.
“Ninguém ganha das bets, elas existem para ganhar em cima do apostador. Isso é um problema de saúde pública”, afirmou a senadora.
2. O que diz o contrato com a casa Esportes da Sorte?
Foi questionado se contratos assinados por Virgínia incluíam a chamada “cláusula da desgraça”, em que influenciadores seriam recompensados com base nas perdas dos apostadores. A prática é considerada antiética e está sob investigação.
Virgínia negou a existência de tal cláusula e declarou que o único bônus previsto seria o aumento de 30% no cachê, caso o lucro da empresa fosse dobrado. Segundo ela, essa meta jamais foi alcançada.
“Esse valor nunca foi atingido, nunca recebi um real a mais do que meu contrato de publicidade”, afirmou.
3. Houve alertas sobre os riscos das apostas?
A influenciadora afirmou que sempre orientou seu público sobre os riscos envolvidos nas apostas online. Ela mencionou seguir as normas do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e alertar quanto à proibição para menores de idade.
“Sempre deixo claro que pode ganhar e pode perder. Que menores são proibidos e, em caso de vício, não se deve jogar”, disse.
4. Como eram feitas as gravações com apostas?
Foi esclarecido que as apostas realizadas nos vídeos não eram feitas a partir da conta pessoal de Virgínia. Segundo ela, as empresas forneciam uma conta específica, já configurada para os registros promocionais.
“Não é uma conta fake. É uma conta feita para eu jogar”, explicou, acrescentando que o aplicativo utilizado era o mesmo acessado pelos usuários comuns.
5. Haverá continuidade nas parcerias publicitárias?
Apesar de não demonstrar arrependimento, Virgínia admitiu que refletirá sobre seguir ou não com campanhas de apostas.
“Não me arrependo de absolutamente nada. Mas vou pensar, pode ter certeza”, afirmou.
Ela também destacou que não teria como ajudar seguidores que enfrentam problemas financeiros em decorrência das apostas.
“Eu não tenho poder de fazer nada. Então, aí, tá complicado”, concluiu.
E agora?
Documentos relacionados aos contratos com as empresas Esportes da Sorte e Blaze foram entregues por Virgínia à CPI, que decidiu mantê-los sob sigilo. A investigação seguirá com novos depoimentos de influenciadores e representantes de plataformas de apostas. O objetivo é identificar irregularidades e propor regulamentações que protejam os consumidores.